domingo, 5 de janeiro de 2014

04 de Janeiro de 2014 - O que tiver que ser, será

     Às vésperas do início da eterna semana de provas do Concurso Vestibular da UFRGS, me deparo com reações nunca antes vividas por mim. Já prestei dois concursos e nem um me deixou tão ansioso, nervoso, amedrontado como esse.
    Mas, minha profissão, sempre me surpreende, sempre me supera.
    "Tu te odeia, né?". Frase que ouço de uma colega de trabalho ao responder o curso que prestaria vestibular. "Vai fazer Medicina, né?". Pergunta feita por um paciente... Enfim, acontece, mas não desanimo. Confesso que todos se surpreendem quando digo que prestarei para Enfermagem, mas já esperava isso. E também não me abalo. Mesmo no meio disso tudo receber reconhecimento, até de quem acha loucura seguir na profissão, não tem preço.
     Tudo isso acontecera nesta semana, mas o que me fez, pela segunda vez, chorar, aconteceu hoje. Final do plantão, me despeço dos meus pacientes, que inclusive, havia um deles de aniversário. Chego no leito de uma das minhas meninas, ela me da a mão, abalada, abatida, emotiva com a situação de enfermidade em que está passando, segura bem firma a minhão mão, me olha, e lá de dentro, bem lá de dentro, me deseja boa sorte para o vestibular. Foi umas das coisas mais verdadeiras que já senti. Me desejando boa sorte, disse para que eu continuasse como sou, mesmo depois de formado Enfermeiro, esse profissional dedicado e atencioso e tudo mais que ela me disse, que guardo pra mim...
     Inevitável, sai da Unidade de cabeça baixa, fungando baixinho para que não me vissem daquele jeito, os olhos já vermelhos, o nariz já entupido, me conter foi difícil. Bastou alguns minutos sozinho dentro do vestiário, enquanto guardava o uniforme do dia, para que desabasse, e tudo caísse. O medo, a insegurança, o pensamento de como conseguir, o medo de não conseguir. Só uma coisa não caiu, não se perdeu, não diminui, na verdade, toda essa situação, só da mais vontade. Só o sonho não me caiu, não foi embora. O meu sonho. A minha vida.
     Que seja o que tiver que ser, que seja com o já está escrito, ou como estamos escrevendo. Não importa, o que tiver que ser, será. Vai ser. Tá sendo. Já foi.