quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

17 de Dezembro de 2014 - Diário de um pré-vestibulando à Enfermagem II (e último).

     Eu sei, eu sei, andei sumido, mas a causa é nobre. E calma, não vou fechar o blog, bem pelo contrário, espero que logo logo tenha novas histórias para compartilhar, novos amores vividos e experiências indescritíveis, que tento com a minha singela escrita, escrever. Prometi que esse ano não escreveria nada que não fosse argumentativo dissertativo, tá bem, dei umas escapadinhas, eu sei, mas é que é mais forte do que eu. Mas aqui estou eu de novo, escrevendo anseios, medos, temores, que até poderia servir para outro blog.
     A pouco mais de um ano atrás, eu escrevia um texto com esse mesmo título, por isso o "II", e também por isso o "último"...
     Dezoito dias restam, e fico feliz, 18 é um número de sorte pra mim. Entendedores entenderão, melhor, entendedora entenderá.
     Fechei o texto homônimo com uma frase que me perseguiu todo esse ano, principalmente nos momentos de fraqueza, estes que não tenho vergonha de dizer que foram muitos. Nas minhas tentativas frustradas de egresso na Federal, nenhuma tem o gostinho desta (última). Foi um ano inteiro dedicado à ela, dedicado ao cursinho e nas horas vagas, o hospital. Sim, continuo firme, um ano e três meses de Emergência, e feliz.
     Esse ano foi diferente, tenho meu maior exemplo bem do meu lado, que está já está lá e sei o quanto tá sendo difícil (pra nós também), mas não, não posso e não vou abrir mão de estar ai também. Parece que tenho uma equipe que aceitou a ideia de eu fazer Enfermagem, hehehe, sim, quem acompanha sabe o quanto fui chamado de louco por querer seguir um sonho, mas não os culpo, com a realidade do dia a dia vi as dificuldades que terei que enfrentar, mas não me entrego, "porque quando relampeja seu Padre, eu me agarro ao meu pala".
     Parece que esse tempo sem escrever, me deixou meio sem jeito, meio sem graça com as palavras, colocando pouco graça nas palavras.
     Semana passada, acabou o estágio final de um grupo da Escola do Cardiologia, em Técnico de Enfermagem. Ontem recebo uma mensagem de um dos alunos, que ficou comigo o maior tempo no estágio, que havia passado na prova de seleção para o Hospital e me agradeceu pelos ensinamentos e percebi que eu tinha feito diferença na passagem dele na Emergência, isso me encheu de alegria, me deu incentivo para lutar pelo que eu quero.
     Realmente não consigo desenvolver, já escrevi e reescrevi este texto umas quatro vezes essa semana na  minha cabeça, mas parece que quando sento pra escrever, tudo se apaga. Me perdoem...
     O que queria dizer é que a hora está chegando, e tenho muito a agradecer por pessoas que estão apostando todas as fichas em mim. Pelo incentivo. Até pelo desafio, que as vezes me fazem. Estou cansado, foi um ano difícil sim, se não der, vai ser uma ano de trabalho jogado fora, um ano de bicicleta ergométrica e nem um quilo perdido. Mas não, não fico pensando assim, na maior parte do tempo fico idealizando e ensaiando minha reação no dia 16 de janeiro... Já chorei muito até aqui, já tive a beira de crises de nervos, já corri, já chutei, já xinguei, já pedi colo e recebi, já fiz o que poderia ter feito, agora é acreditar no meu trabalho né, não é esta a frase?
    Ano que vem volto pra mudar a descrição do blog. Prometo.

Ah, a frase? Tá ai...

"Hoje, a Enfermagem já é mais que um sonho, é uma vida. A minha vida."
   

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

05 de Agosto de 2014 - Primeiro aninho!

     Um ano de formado, onze meses de Emergência e mais a frente, dez meses com a melhor pessoa que entrou na minha vida.
     Faz tempo que não apareço por aqui, eu sei, talvez aqueles que me liam a um ano atrás, já estejam formados também, outros até esqueceram do blog e alguns vão poder conhecer. Esse texto era pra ter saído antes, mas tempo hoje em dia é algo precioso, e pouco dele eu detenho, mas, antes tarde do que nunca.
     É, o tempo passa muito rápido e nós nem percebemos. A um ano atrás, a essa hora, eu estava indo para a Escola pegar o meu diploma, meu certificado de gente grande, com um felicidade indescritível, uma sensação única, uma emoção linda. Foi o grand finele, o desfecho de quase dois anos, de estudos, estágios, noites sem dormir, cansaço sim, estresse si, de textos escritos às duas da madrugada, mas mesmo assim, uma fase ótima. Uma carga de aprendizagem altíssima, experiências de aprendizado e amizades inesquecíveis.
     E entrando no assunto, que dizer pra vocês, minha eterna turma, meus eternos colegas, que não esqueci de vocês, por mais que estejamos longes  e distantes, separador por hospitais diferentes, sempre carrego vocês comigo, mais precisamente no meu ventrículo esquerdo, pra ver o quanto vocês foram e são importantes pra mim. Espero que leiam isso!
     Quero nos desejar meus parabéns, para todos nós, pelo primeiro ano de formado, pelo primeiro ano como gente grande. E já brilhando, como eu sei que brilharíamos.
     Quero ainda dizer, já que passei por aqui, que o mundo continua mágico, se com a mesmo magia eu não sei, mas é mágico sim. A carga de responsabilidade e o estresse que nossa profissão nos acarreta, as vezes nos faz para e pensar, em procurar a magia, como se ela não existisse. Mas ela existe sim, e está entre o nós o tempo todo. Seja no toque piedoso de um paciente ou em uma intercorrência brava que passamos.
     Queria ter aquela mesma fome pelas palavras que tinha antes, mas as preocupações e necessidades de dar atenção as outras prioridades, me afastaram um pouco da escrita. Espero em breve, voltar a escrever, e a escrever muito, como eu escrevia lá nos primórdios do Blog. E de novo, como uma criança, em um mesmo mundo, mas de mais aprendizado. Que tudo dê certo que isso possa acontecer logo.
     Enfim, já estou com um ano de formado e parece que foi ontem que atravessei a rua para "ir dar boa noite ao paciente". E hoje, estamos espalhados entre os melhores hospitais da cidade e me orgulho de todos nós. Parabéns, Turma 49!!! Amo vocês.
   

domingo, 5 de janeiro de 2014

04 de Janeiro de 2014 - O que tiver que ser, será

     Às vésperas do início da eterna semana de provas do Concurso Vestibular da UFRGS, me deparo com reações nunca antes vividas por mim. Já prestei dois concursos e nem um me deixou tão ansioso, nervoso, amedrontado como esse.
    Mas, minha profissão, sempre me surpreende, sempre me supera.
    "Tu te odeia, né?". Frase que ouço de uma colega de trabalho ao responder o curso que prestaria vestibular. "Vai fazer Medicina, né?". Pergunta feita por um paciente... Enfim, acontece, mas não desanimo. Confesso que todos se surpreendem quando digo que prestarei para Enfermagem, mas já esperava isso. E também não me abalo. Mesmo no meio disso tudo receber reconhecimento, até de quem acha loucura seguir na profissão, não tem preço.
     Tudo isso acontecera nesta semana, mas o que me fez, pela segunda vez, chorar, aconteceu hoje. Final do plantão, me despeço dos meus pacientes, que inclusive, havia um deles de aniversário. Chego no leito de uma das minhas meninas, ela me da a mão, abalada, abatida, emotiva com a situação de enfermidade em que está passando, segura bem firma a minhão mão, me olha, e lá de dentro, bem lá de dentro, me deseja boa sorte para o vestibular. Foi umas das coisas mais verdadeiras que já senti. Me desejando boa sorte, disse para que eu continuasse como sou, mesmo depois de formado Enfermeiro, esse profissional dedicado e atencioso e tudo mais que ela me disse, que guardo pra mim...
     Inevitável, sai da Unidade de cabeça baixa, fungando baixinho para que não me vissem daquele jeito, os olhos já vermelhos, o nariz já entupido, me conter foi difícil. Bastou alguns minutos sozinho dentro do vestiário, enquanto guardava o uniforme do dia, para que desabasse, e tudo caísse. O medo, a insegurança, o pensamento de como conseguir, o medo de não conseguir. Só uma coisa não caiu, não se perdeu, não diminui, na verdade, toda essa situação, só da mais vontade. Só o sonho não me caiu, não foi embora. O meu sonho. A minha vida.
     Que seja o que tiver que ser, que seja com o já está escrito, ou como estamos escrevendo. Não importa, o que tiver que ser, será. Vai ser. Tá sendo. Já foi.